PREMIADOS 2017

Júri constituido por Efrén Cuevas, Eugénia Vilela e Fernando José Pereira

Grande Prémio do Júri

A GRANDE NUVEM CINZA (Marcelo Munhoz)

 

Declaração do Júri

Enquadrando-se na temática nuclear do Festival Internacional de Cinema de Arquivo, Memória e Etnografia, A Grande Nuvem Cinza combina, de forma singular, uma realidade social e económica concreta com a reverberação dessa realidade na existência singular de uma vida. Esse impacto convoca um modo de contemporaneidade entre o público e o privado, o comum e o singular, simultaneamente, de uma forma contínua e tensional. Ao resgatar a história de Lídia na sua inscrição num tempo social e económico comum - um espaço vivido na linha frágil entre a luta e o amor à terra - a utilização das imagens de arquivo é desenvolvida sob um movimento que se justifica, intrinsecamente, no ritmo fílmico.

Neste filme, a relação entre o arquivo e o tempo abre o ritmo de uma temporalidade que, na sua lentidão, se constitui como a configuração de um tempo humano, distante de um tempo sem lastro, apresentando, nessa lentidão, um modo de resistência à temporalidade de uma estética do digital.

 

MENÇÃO HONROSA

VALENTINA (Maximilian Feldmann)

 

Declaração do Júri

Neste filme documentário, a fotografia a preto e branco desenha uma forma da convocação da realidade de um modo singular pois, provocando a intensificação estética da realidade vivida num bairro de lata num bairro Romani, cria uma dobra estética que possibilita uma distância face à realidade: um tempo de pensamento que se marca, particularmente, pela ritmicidade do preto e branco e dos planos fixos dos rostos. A aproximação das imagens a uma realidade substantivamente violenta é concretizada através de um olhar que afirma a dignidade de cada personagem e da sua história comum.

 

Prémio de Melhor Ficção 

OTHER WORLD (Sandro Japaridze)

 

Declaração do Júri

Este filme convoca uma realidade contemporânea – o exílio forçado de indivíduos e povos – de uma forma que ultrapassa o puro espaço ficcional: a opacidade da narrativa apresentada abre uma via fílmica tensional que, afastando-se da simples comunicação de uma narrativa, constitui os planos e a sua sequência como um objeto artístico que interpela o espectador pelas questões que coloca no espaço latente às imagens e à sua montagem.